fluente
Published in
Mar 25, 2021
eu vi a poesia!
ela estava entre minhas mãos
tão voraz
e
tão fugaz
quanto uma catarata
que cai
cai
c a i
e molha
e afunda
e afoga
enquanto afaga
e eu tentei tanto
apanhá-la e aprisioná-la
num papel com meus traços e rabiscos
mas me escorreu entre os dedos
que lambi com tesão
pra sentir o sabor de todas as coisas
então
percebi que a poesia
é uma vertigem lúcida
é rio que corre
corre
c o r r e
e que escrever
é tentar parar a água
Nota: este poema está presente no meu livro o olho, publicado em 2020 pela Editora Madrepérola.