Um bom texto sobre um bom texto

O conceito de um “bom texto” varia, entre outras coisas, de acordo com o leitor/espectador, pois cada um tem preferências por temas, gêneros, estilos e também por experiências estéticas e sensoriais — afinal, palavras também são desenhos, imagens, sons, tato (contato com o papel ou qualquer superfície de fundo) etc.

Há uma grande quantidade livros que têm o intuito de ensinar a “escrever bem” ou, no mínimo, a escrever de uma maneira determinada, bem como movimentos que propõem regras para as produções literárias, como é o caso do OuLiPo, que surgiu na França no século passado. Um exemplo é o livro O sumiço, de Georges Perec, que não possui a vogal e.

Entretanto, mesmo que haja discordâncias sobre o que seria um bom texto — e até mesmo, do ponto de vista filosófico, sobre o que é o “bom” propriamente dito, como trabalha Nietzsche em seu livro Genealogia da Moral — , há convergências em determinados aspectos.

Textos científicos, discursivos-argumentativos, por exemplo, prezam por clareza, coesão, objetividade etc.; costumam manter uma cronologia específica, com começo, meio e fim bem definidos. Textos jornalísticos também partilham desses anseios, porém não têm o objetivo de comprovar experimentos, mas o de narrar um acontecimento com a maior “imparcialidade” possível. Já os literários têm mais liberdade para trabalhar subjetividades, além de utilizar a forma como um significante da mensagem.

Porém, acredita-se ser impossível conceber o que seria um “bom texto” sem considerar o seu contexto e também julga-se necessário entender que um texto considerado bom em um momento, por uma certa pessoa, pode não ser bom para outra em outro tempo, nem para o mesmo indivíduo em outra ocasião. Como já bem orientou Jorge Colli em seu livro O que é arte?, uma estética artística pode ser considerada genial num certo momento e ridícula noutro. A arte divaga na volatilidade de nossos seres. Somos o limite de tudo que produzimos.

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